segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O menino Victor

Ao assistir o filme “’O Menino Selvagem”, tive a certeza de como sofriam as crianças surdas-mudas, ainda mais esta que foi abandonada e com a tentativa de suicídio. Penso que a atitude dos pais foi de intolerância e falta de aceitação por falta dos mesmos, talvez por um ato de desespero, acharam melhor livrar-se do problema.
Esta criança sobreviveu como um animal selvagem, passando por toda a sorte de provação, sendo um milagre sua sobrevivência dada as circunstâncias.
A sociedade da época era totalmente preconceituosa, pois o menino era tratado dentro da instituição própria para as suas necessidades como um animal, não recebendo qualquer tipo de atenção e tratamento adequado. Fiquei admirada de que naquela instituição voltada para o ensino de surdos não havia nenhum tipo de tratamento clínico e psicopedagógico, onde consideraram esse menino inferior a um animal, “um idiota’. O professor Itard, sensibilizado pelo tratamento e acreditando poder ajudar mais o garoto, conseguiu a guarda do mesmo. Apesar do esforço dele, acredito que o mesmo não tinha o conhecimento adequado para melhor atendê-lo e mesmo do seu jeito foi treinando o menino pelas necessidades físicas que era o seu alimento, pois quando o menino acertava a suas tarefas era recompensado, porém, se ele errava, era castigado.
Acredito que dessa forma ele estava testando seus conhecimentos cognitivos e suas percepções. Num dado momento, embora ele tivesse acertado a tarefa, o professor o castiga tentando identificar a sua sensibilidade, na qual o garoto reagiu, pois entendeu que não era merecedor daquele castigo. Ficando provado que o garoto estava tendo compreensão do que se passava a sua volta.
Mesmo o menino estar se adaptando a viver naquele ambiente, ele teve a necessidade de voltar ao seu habitat onde ficou por algum tempo, até pensei que ele não retornaria mais a “civilização”. Mas pela condição humana dele, penso que o mesmo já refletia sobre a sua existência e para a minha surpresa, retornou a casa daquele que o abrigara, pois acredito que ali ele se sentiu seguro e protegido.
Esta família que Victor encontrou foi de extrema importância para o seu desenvolvimento, pois do jeito deles, sempre tiveram o intuito foi de acertar.
Relacionando a história de Victor com a dos surdos-mudos, observo que realmente durante muitos anos eles foram vistos como anormais e não tinham perspectivas de vida, viviam isolandos da sociedade e sem qualquer direito voltado à educação, quanto muito aprendiam a escrever seu próprio nome.
Atualmente há uma preocupação e uma visão de acessibilidade a essa demanda de alunos, embora as escolas regulares ainda não encontram-se preparadas na parte psicopedagógica como também na estrutura física. O filme nos faz refletir sobre a situação da inclusão nos dias de hoje da necessidade de cada vez mais nos prepararmos para atender de maneira digna este tipo de aluno.


Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Sandra gostei muito da sua reflexão, e do link que trouxe a realidade escolar. Realmente o ensino está longe de promover a inclusão, mas o preconceito? Como você observa isso nos dias de hoje? Abraços